quinta-feira, 9 de abril de 2009

Do Fetiche e suas naturezas


" Quem sonda o símbolo assume todos os riscos "

Oscar Wilde

A palavra fetiche vem do francês, que se originou do português feitiço. Foi primeiramente usada pelos portugueses para designar os artefatos religiosos usados pelos africanos, que lhes atribuíam valor espiritual.
O termo "fetiche" se tornou conhecido na Europa quando o estudioso frances Charles de Brosses (1709-1777) tentou explicar o politeísmo Grego através do fetichismo (atribuição de poderes mágicos a certos objetos) encontrado na África Ocidental.

Segundo Freud, fetiche é o ato de atribuir a um objeto um significado que por si só ele não possui. O objeto de fetiche seria a substituição de um afeto por um objeto inanimado, gerando assim um ilusório "controle" ao fetichista. Para Freud o fetiche era uma perversão.

Marx desenvolveu uma teoria política, social e econômica para o fetichismo, inclusive muito importante em sua obra, onde faz uma crítica ao capitalismo, que cria um fetichismo de mercadoria, onde produtos e mercadorias não possuem valor em si, mas sim como símbolos de status e poder, fomentados pela comunicação de massa, fezendo com que o desejo se torne uma necessidade.



E nesse balaio, até os pés de coelho, trevos de 4 folhas, ferraduas e as imagens de santos da religião católica podem ser enquadrados como fetiches (será que o papa vai me excomungar??)

E é claro, por último, o mais conhecido deles, o fetiche sexual, onde botas, chicotes, algemas, lingeries e derivados fazem parte de um cenário onde o ato sexual é menos importante do que o ritual estético e os papéis de cada participante.

O fetiche a muito deixou de ser coisa de pervertidos, afinal, estamos cercados de "produtos" dos quais a mera necessidade a tempos deixou de ser critério para o desejo de posse... As propagandas evidenciam que o status e o valor simbólico dos bens de consumo são na maioria das vezes o critério para sua aquisição... O carro deixou de ser apenas um meio de locomoção e vem acrescido de sentimentos como liberdade, conforto, valores familiares e poder.

Nada contra!! Afinal somos seres humanos e possuimos um maravilho universo interno, constituído não só pela cultura em que estamos inseridos, mas também por nossas experiências pessoais.


Evoluímos ao ponto de construir um sistema simbólico tanto pessoal quanto social e agora " a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte".

O fetichismo relaciona-se então com a fantasia, com o simbólico, que está ligado ao objeto, não dependendo necessariamente da natureza real deste.


No final das contas o fetiche ocupa grande espaço na vida de todos nós... seja ele o carro potente, a calça da moda, o novo modelo de celular ou a boa e velha cinta-liga com espartilho!!!* Créditos das fotos Gilles Berquet

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