segunda-feira, 27 de abril de 2009

A essência de Gustav Klimt



A Essência de Gustav Klimt é o título desse ensaio fotográfico de Moises Gonzales que reproduz as obras do pintor Gustav Klimt (1862 - 1918).


Pintor simbolista e representante do movimento de Art Noveau na pintura, Klimt teve muitas de suas obras queimadas pelos nazistas que as consideravam uma arte "degenerada".
Water Serpents II

A temática de Klimt em sua fase mais conhecida é em sua maioria de nus femininos em posições exuberantes e sexuais envoltas em ricas e infinitas ornamentações. Suas figuras femininas possuem expressão de luxúria, com bocas entreabertas e olhos fechados. Inspirado na estética da arte bizantina seus cenários possuem muitos detalhes, ricos ornamentos, arabescos e espirais, com predominância dos tons dourados.





terça-feira, 14 de abril de 2009

Do inconsciente e suas maravilhas


"A beleza será convulsiva ou não será"
Andre Breton



SURREALISMO, sm. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral.(BRETON, André, Manifesto do Surrealismo, pg. 10)


O Surrealismo foi um movimento revolucionário, artístico, cultural e literário que surgiu logo após a Primeira Guerra Mundial.
No início do século XX a Europa estava no auge cultural e científico, mas com o deflagar da Guerra, sua cultura entra em colapso devido à instabilidade econômica e social. Como conseqüência começam a surgir em certos países certos regimes políticos de caráter nacionalista, o que mais tarde dará origem a outro conflito mundial.
A produção artística do século XX reflete a descrença e o pessimismo que vigoraram na sociedade no período entre- guerras.
O Surrealismo se desenvolveu primariamente do Dadaísmo. O movimento Dada começou em Zurique, na Suíça em 1916, como uma reação contra a guerra e o tradicionalismo por artistas suíços e alemães exilados na Suíça e que eram contrários ao envolvimento de seus respectivos países na guerra.


O marco inicial do Surrealismo é considerado a publicação, em 1924, do Manifesto do Surrealismo, de André Breton. O movimento procurou ultrapassar a percepção convencional e tradicional da realidade, desenvolvendo pesquisas estéticas fundamentadas nas descobertas freudianas do valor do inconsciente enquanto complemento da vida consciente e da capacidade comunicativa do sonho. Desta forma conseguem ultrapassar o niilismo redutor do Dadaísmo, procurando então associar elementos díspares, através da dissociação dos objetos dos seus contextos convencionais de forma a obter significações inesperadas.



O Sonho, Salvador Dali, 1931


O automatismo presente na produção surrealista leva à criação de imagens oníricas, aparentemente sem nexo e ligação, mas dotadas de uma simbologia e mitologia próprias, valorizando e atraindo a atenção para tudo o que antes era reprimido – o subterrâneo da modernidade, o erótico, o bizarro, a substância inconsciente da atividade mental.




Iniciado como um projeto coletivo, que uniu experimentação imaginativa à um objetivo corrente teórico e literário, o surrealismo floresceu em uma representação diversa do inconsciente psíquico, sendo assim muito calcado nas idéias de Freud e da psicanálise, recém divulgadas na Europa.
O movimento em si foi uma intervenção nas estruturas sociais, cultural e política da época, redefinindo perspectivas da sexualidade, masculinidade, imaginação e da mulher. Sua mais radical e controversa vertente artística foi visionar o corpo maternal da mulher e retratar o erótico feminino.
Em vez de reformar a persistente diferença de gênero da sociedade da época, o surrealismo admitiu a dominância masculina como uma construção social através da subjugação e exclusão. Os surrealistas aceitavam que a diferença era natural, pois ocorria como um processo inconsciente, que era percebido como primitivo e inato.

* Créditos das fotos Man Ray.

Devaneios

"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..."
Guimarães Rosa




* Foto de stencil do Banksy

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Do Fetiche e suas naturezas


" Quem sonda o símbolo assume todos os riscos "

Oscar Wilde

A palavra fetiche vem do francês, que se originou do português feitiço. Foi primeiramente usada pelos portugueses para designar os artefatos religiosos usados pelos africanos, que lhes atribuíam valor espiritual.
O termo "fetiche" se tornou conhecido na Europa quando o estudioso frances Charles de Brosses (1709-1777) tentou explicar o politeísmo Grego através do fetichismo (atribuição de poderes mágicos a certos objetos) encontrado na África Ocidental.

Segundo Freud, fetiche é o ato de atribuir a um objeto um significado que por si só ele não possui. O objeto de fetiche seria a substituição de um afeto por um objeto inanimado, gerando assim um ilusório "controle" ao fetichista. Para Freud o fetiche era uma perversão.

Marx desenvolveu uma teoria política, social e econômica para o fetichismo, inclusive muito importante em sua obra, onde faz uma crítica ao capitalismo, que cria um fetichismo de mercadoria, onde produtos e mercadorias não possuem valor em si, mas sim como símbolos de status e poder, fomentados pela comunicação de massa, fezendo com que o desejo se torne uma necessidade.



E nesse balaio, até os pés de coelho, trevos de 4 folhas, ferraduas e as imagens de santos da religião católica podem ser enquadrados como fetiches (será que o papa vai me excomungar??)

E é claro, por último, o mais conhecido deles, o fetiche sexual, onde botas, chicotes, algemas, lingeries e derivados fazem parte de um cenário onde o ato sexual é menos importante do que o ritual estético e os papéis de cada participante.

O fetiche a muito deixou de ser coisa de pervertidos, afinal, estamos cercados de "produtos" dos quais a mera necessidade a tempos deixou de ser critério para o desejo de posse... As propagandas evidenciam que o status e o valor simbólico dos bens de consumo são na maioria das vezes o critério para sua aquisição... O carro deixou de ser apenas um meio de locomoção e vem acrescido de sentimentos como liberdade, conforto, valores familiares e poder.

Nada contra!! Afinal somos seres humanos e possuimos um maravilho universo interno, constituído não só pela cultura em que estamos inseridos, mas também por nossas experiências pessoais.


Evoluímos ao ponto de construir um sistema simbólico tanto pessoal quanto social e agora " a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte".

O fetichismo relaciona-se então com a fantasia, com o simbólico, que está ligado ao objeto, não dependendo necessariamente da natureza real deste.


No final das contas o fetiche ocupa grande espaço na vida de todos nós... seja ele o carro potente, a calça da moda, o novo modelo de celular ou a boa e velha cinta-liga com espartilho!!!* Créditos das fotos Gilles Berquet